27/08/2013 - Coronel do Exército em Post individual do Leitor defende a carreira

MILITARES: Coronel do Exército em Post do Leitor defende a carreira e diz que “as Forças Armadas sempre serão muito maiores que as opiniões de todos que a compõem”

Tropas especiais do Exército Brasileiro (Foto: EB)
Formação dos Dragões da Independência, do Exército, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (Foto: Exército Brasileiro)
Por João Roberto Albim Gobert Damasceno, tenente-coronel do Exército
Ultimamente, especialmente nas mídias sociais e blogs, temos visto comentários, principalmente anônimos ou sob pseudônimo, com todo tipo de achincalhe contra o Exército e muita desinformação. Poucos apontam os aspectos positivos, e muitos demonstram sequer conhecer a própria profissão. Por isso, expresso em alguns pontos abaixo minha opinião pessoal.
Primeiro: em todos os blogs que leio, inclusive o Montedo, eu nunca comento como anônimo. Quem se aproveita do anonimato para atacar, é covarde. Quem defende sua posição usando o anonimato não tem credibilidade.
Desafio a me responderem se identificando e debater com um militar que conhece, de verdade, sua profissão e sua Força, e que tem inúmeros exemplos a dar, em todos os postos e graduações, de verdadeiros soldados, aqueles que não se limitam a fazer fila com os pobres de espírito.
Segundo: a carreira militar é para vocacionados, dinheiro é secundário e cada um deve viver como pode. Eu sou tenente-coronel, pago pensão judicial e, se não vivesse em guarnição especial de fronteira e comandasse Organização Militar, ganharia como subtenente.
"A carreira militar é para vocacionados"
"A carreira militar é para vocacionados" (Foto: EB)
Não devo 1 centavo e vivo muito bem, com esposa e dois filhos, com orçamento apertado, mas digno o bastante. Se não está satisfeito com o salário e só sabe criticar a Instituição, estude com afinco e saia. Sua presença prejudica o cumprimento da missão, pois sua prioridade é o dinheiro.
Terceiro: a falta de recursos é recorrente nas Forças Armadas de todo o mundo, mesmo as mais poderosas. A maioria dos que comentam sobre sucateamento da Força, mesmo sendo militares, demonstram não conhecer o tema.
As dificuldades materiais estão exclusivamente ligadas a orçamento reduzido.
Mas existem muitos projetos militares que, quando contemplados com recursos suficientes, desenvolvem-se bem. Vide o PROFORÇA, “… um processo que pretende conduzir o Exército ao patamar de força armada de país desenvolvido e ator mundial, capaz de se fazer presente, com a prontidão necessária, em qualquer ponto da área de interesse estratégico do Brasil.” (extraído do Site do Exército Brasileiro).
Os horizontes temporais do PROFORÇA são 2015, 2022 e 2030.
Vide, por exemplo, a exemplar condução brasileira da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), já se aproximando do 20º contingente.
"A dignidade de uma carreira é consequência da atitude dos homens e mulheres que a abraçam"
"A dignidade de uma carreira é consequência da atitude dos homens e mulheres que a abraçam" (Foto: EB)
Quarto: A dignidade de uma carreira é consequência da atitude dos homens e mulheres que a abraçam. O militar dignifica a farda que usa, não o contrário.
Quinto: cursar uma escola como a AMAN, no nível de exigência intelectual e físico exigidos, formar-se oficial para ter um salário enquanto estuda para concurso público?
Questiono até a inteligência de um sujeito que faz isso! Por que não fez uma faculdade civil? Por que não pesquisou sobre a carreira militar antes de se apresentar como voluntário?
Sexto: sobre salários, a melhor fonte de informação ainda é o IBGE, não o achismo de vários anônimos. Acesse, procure pelo gráfico dos salários no Brasil e veja se nós ganhamos tão mal assim, considerado o Brasil como um todo.
A negociação salarial da carreira ocorre no nível político, e assim vem sendo feito, nossos chefes maiores não estão ao largo dessa busca por melhorias. No nível tático, do dia a dia: o militar que quer ganhar mais, treine, faça o Curso Básico de Paraquedista, vá para a Brigada Paraquedista, acumule 20 cotas e incorpore-as, faça o Curso de Guerra na Selva e acrescente mais um pouco.
"o militar que quer ganhar mais, treine, faça o Curso Básico de Paraquedista, vá para a Brigada Paraquedista"
"O militar que quer ganhar mais, treine, faça o Curso Básico de Paraquedista, vá para a Brigada Paraquedista, faça o curso de Guerra na Selva..." (Foto: EB)
Não há exército no mundo em que os militares sejam ricos. Onde eles ganham mais, o custo de vida é muito mais alto, e as sociedades, em geral, diferem muito em seus hábitos de consumo.
Sétimo: basta consultar o Exército em Números, disponível no Portal EBNET (acessível dentro das organizações militares, para que se veja que as demissões ex-officio ou a pedido, bem como a evasão de militares, cujas estatísticas datam desde 1967 concentram-se em apenas algumas qualificações militares (QM), sabidamente muito mais bem remuneradas no meio civil.
As especialidades que passam de 20% de demissões são, para os oficiais, as dos médicos e engenheiros militares (formados pelo Instituto Militara de Engenharia e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e, para as praças, QM topografia, aviação (manutenção e apoio) e algumas turmas de QM Saúde (apoio). Esta é a verdade.
E mais, ao longo dos anos, não é possível identificar nenhuma tendência de aumento exagerado de evasão em todas as outras carreiras combatentes, apenas flutuações normais. Assim, analisar o que acontece em um determinado ano, fora do contexto de todas as turmas de todas as carreiras, nada significa, não tem relevância estatística.
A minha turma, por exemplo, Infantaria da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), de 1991: entre os 146 formandos houve 4 evasões, perfazendo 2,7% da turma.
Por fim, acredito que as Forças Armadas sempre serão muito maiores que as opiniões de todos que a compõem, tanto os bons, como os maus.
Os bons sempre trabalharão em prol da evolução da Instituição, serão Paraquedistas, Guerra na Selva, Comandos, Forças Especiais, Montanha; cursarão a Escola de Material Bélico, Escola de Instrução Especializada; serão Aeromóveis, Infantes Leves ou Mecanizados, Combatentes Blindados, da Aviação do Exército, Combatentes de Caatinga; serão aprovados na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, comandarão Unidades, Grandes Unidades (Brigadas e Divisões de Exército), Regiões Militares, Comandos Militares de Área; serão nomeados Instrutor-Chefe de Tiro-de-Guerra, serão Auxiliares de Adido Militar no exterior.
"as Forças Armadas sempre serão muito maiores que as opiniões de todos que a compõem"
"as Forças Armadas sempre serão muito maiores que as opiniões de todos que a compõem" (Foto: EB)
Os maus, sempre remarão contra, tentarão desestimular outros, até lograrão algum êxito, mas é impossível que prevaleçam, pois são desunidos e agem apenas para satisfazer seus interesses particulares.
O que os maus não sabem é que eles sempre existiram, e nossa Força subsiste a eles. E assim será, pois até mesmo Deus abençoa o homem de armas, e é chamado de Senhor dos Exércitos.
AOS BONS!

Comentários

  1. Fico aqui imaginado o Sr como Presidente do Brasil.Com essa teoria , acabaria com as Forças Armadas em uma semana. Ass: Deneir Caldeira de Mendonça. (Sgt QE Caldeira) Adeus.

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  2. Obrigado Coronel, João Roberto Albim Gobert Damasceno, V. Sa. Sintetizou o que sempre falo, para os que vivem lamuriando-se, nos alojamentos, refeitórios, TFM, formaturas. O Exército é para os vocacionados. Sou Subtenente, e muito feliz, ao longo dos 24 (vinte e quatro) anos de serviço. Pelo espírito de cumprimento de missão, fui selecionado pelo PLAMOGex para servir no GSI PR e, atualmente, estou no Ministério da Defesa. Concluí a graduação pelo convênio que o EB mantém com a UNISUL e agora estou fazendo a pós-graduação em Logística, me preparando para a reserva, só para exemplificar. Enquanto isso, os maus continuam “choramingando” pelos cantos dos quarteis, sem enxergar oportunidades em nada.
    Brasil acima de Tudo!
    Sérgio Cordeiro – S Ten MNT COM

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  3. Esse Sub Ten vai ser promovido rapinho, leu a cartilha da bajulação com eficiência, é triste ver um militar nessa situação, o Coronel totalmente transloucado vivendo em uma realidade que não existe, o S Ten bajulador e também totalmente fora do contexto da realidade.
    A maioria dos integrantes das Forças Armadas ingressam nelas pela vocação, e não por dinheiro, porém é impossível viver numa situação esdrúxula como esta, o mais triste é ver militares totalmente alienados e totalmente fora do contexto no qual pelo que o país está passando.

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  4. Mais um ST puxa saco, como aos montes vemos na tropa.
    Qto ao coronel, é outro puxa saco, vangloriando-se de não utilizar-se do anonimato. Claro, botou a cara para babar ovo do comando. Garanto se um mais moderno esculhambar a posição dele aqui, ele será o primeiro a querer enquadrar o sujeito.

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  5. Sou Major do Exército. Tentei várias vezes, pelo mesmo espírito de cumprimento de missão do SubTen acima, servir em locais de excelência, fazer cursos, tentando aproveitar as tais oportunidades das quais o Sub e o Coronel falam.
    Me especializei em Guerra Eletrônica, fiz vários cursos na área. Quando a gente faz curso, considera vários motivos. Um deles foi permanecer em Brasília, única área de especialização em meu país, além de outros fatores. Em 2002, totalmente especializado, fui para a EsAO por obrigação (não é possível adiar). Minha esposa era coordenadora-chefe do corpo docente de Educação Física do Iate Tênis Clube, em Brasília. Ganhava duas vezes o que eu ganhava como Capitão.
    Após o término do curso, as vagas destinadas ao pessoal já formado em Guerra Eletrônica já abertas, apenas aguardando a mim e outro companheiro, também especialista, a DCEM atrasou demais a classificação após a EsAO. Os instrutores da EsAO viram nessa falha da DCEM a oportunidade de tomar o claro que estava destinado à mim, que possuía o Curso e conseguiram tomar tanto a minha volta para Brasília quanto a do meu colega de turma.
    Resultado: fui enviado à revelia para o Rio Grande do Sul, onde já havia servido (e a vivência nacional?), fui parar numa Brigada de Infantaria que nada, absolutamente nada tem a ver com a Guerra Eletrônica. O Quartel de GE de Brasília ficou sem os dois especialistas que estavam esperando, eu não voltei para a área à qual me especializei, minha esposa perdeu o emprego, tivemos que adiar nossos planos de compra de apartamento em Brasilia para retomá-lo 12 anos depois, com muita dificuldade.
    Hoje, novamente está acontecendo. Estou no universo de seleção para trabalhar nas frequências de comunicação do Satélite Geoestacionário brasileiro. Estou querendo ir. Porém, trabalho numa área de Recursos Humanos, totalmente disperso da minha especialidade. O que ouvi é: -Você é importante na função. Não tem como te liberar. Obrigado!"
    Então, caro amigo Sérgio Cordeiro e provável Coronel do Exército, fico feliz pelos senhores. Mas a vida é diferente para cada um de nós. Vocês não são regra e a maioria, a grande maioria SE FERRA pra conseguir as coisas, rala pra ter alguma vantagem, no bom sentido, busca crescer e não consegue, por vezes bypassados pelo próprio companheiro que destrói a imagem do outro para crescer, toma carona sem necessidade, perde oportunidade por vaidade de chefes, sem dizer, é claro, se não for punido na carreira injustamente, que é o pior que o Exército oferece.
    Acredito que não é o Exército que nos dá alegrias, mas a vida em DEUS, que, independentemente do que estejamos fazendo, Ele nos protege e nos guarda. Num universo de 300.000 militares, os que estão satisfeitos talvez não chegue aos 5%.

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