04/11/2012 - Reunião do GTA sofre interrupção em Marabá, Coronel Aloprou


Reunião do GTA sofre interrupção em Marabá


Num gesto exaltado e de destempero, o coronel Celso Osório Souto Cordeiro, do Comando da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, no Pará, interrompeu aos berros a reunião do Grupo de Trabalho do Araguaia (GTA) em Marabá (PA), onde era exibido um documentário com depoimentos de camponeses vítimas dos militares durante a Guerrilha do Araguaia. Cordeiro ordenou a seus subordinados que abandonassem o salão, num hotel da cidade. O oficial ainda bateu boca com o representante da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) do grupo, Gilles Gomes. A discussão só não virou agressão física graças à intervenção de integrantes do Ministério da Defesa. O episódio ocorreu no último dia 23, mas vem sendo mantido em sigilo dentro do governo.

— Militares, todos fora! — gritou o militar, que, em julho, fora condecorado com a Medalha do Pacificador, concedida pelo Comando do Exército.

O GTA foi criado pelo governo para cumprir a sentença judicial de buscar informações e tentar localizar restos mortais de desaparecidos políticos na região. O Exército tem dado apoio logístico às ações desde 2009. Este foi o primeiro atrito mais grave entre militares e civis desde então. O grupo é formado por representantes dos ministérios da Defesa e da Justiça e da Secretaria de Direitos Humanos.

Internamente, a atitude do coronel foi considerada grave, mas superável. Oficialmente, o Ministério da Defesa e a Secretaria de Direitos Humanos informaram que estão tratando do assunto. Desde a última sexta-feira, a cúpula da secretaria tem debatido o assunto e chegou a redigir uma nota pública condenando o gesto do coronel. O militar pode ser afastado das próximas expedições do GTA.

O presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, Marco Antônio Barbosa, criticou Cordeiro. A comissão é vinculada à SDH.

— Isso que ocorreu foi grave. A colaboração do Exército até agora era de uma logística de boa qualidade. Foi surpreendente. Um gesto violento e incompatível com os tempos de hoje. É lamentável, e o que se espera é que seja dada uma resposta à altura e compatível com a história dos parentes — disse ele.

Sete parentes de desaparecidos e vítimas da ditadura presentes ao encontro elaboraram uma carta aos ministros da Defesa, da Justiça e dos Direitos Humanos na qual repudiam o fato. No texto, os parentes fazem um protesto contra a “atitude malsã e desequilibrada do oficial militar”.

Ex-vereador do PCdoB, Paulo Fonteles Filho, observador do grupo e presente à reunião, escreveu no seu blog: “(O coronel) esbaforido e nervoso gritou, no meio da sessão, orientando grosseiramente que todos os seus subordinados se retirassem dali”.
(AE). diariodopara

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