13/06/2014 - Vitória épica da armada brasileira na Guerra do Paraguai completa 149 anos

Brasília, 10/06/2014 - Há 149 anos, no dia 11 de junho de 1865, a Marinha Imperial Brasileira vencia a Batalha Naval do Riachuelo – mais importante conflito da armada nacional durante a Guerra do Paraguai (1864-1870). A vitória foi decisiva para assegurar ao Brasil e aos aliados da Tríplice Aliança (Uruguai e Argentina) a supremacia na bacia do Rio da Prata, caminho estratégico para o envio de tropas e suprimentos na luta contra os invasores da província de Corrientes, na Argentina.
A Batalha do Riachuelo ainda é considerada por militares e historiadores como uma das mais importantes da história do Brasil, não só pelo tamanho da tropa envolvida, mas também pela atuação marcante do almirante Francisco Manoel Barroso, comandante da esquadra brasileira e que, mesmo tendo perdido a primeira fase do embate, conseguiu reverter a adversidade e vencer a batalha.
“Essa batalha é emblemática por ter sido, desde a Guerra da Cisplatina e depois da Guerra do Paraguai, a maior batalha naval em que se envolveu a Marinha de Guerra brasileira. Posteriormente, na I e na II Guerra Mundial, nossa Marinha não teve operação de guerra dessa envergadura”, avaliou o professor de História Francisco Doratioto, da Universidade de Brasília (UnB).
Na decisiva manhã de 11 de junho, a esquadra brasileira se encontrava em território inimigo, perto da cidade de Corrientes, na Argentina – que estava ocupada por tropas paraguais. O plano idealizado pelo ditador Francisco Solano López era fazer um ataque surpresa contra os brasileiros e tomar seus navios.
Ao todo, eram nove as embarcações brasileiras - Amazonas, Belmonte, Beberibe, Jequitinhonha, Parnaíba, Mearim, Araguaí, Iguatemi e Ipiranga -, todas elas projetadas para lutas em mar aberto, o que representava uma desvantagem para o Brasil, uma vez que a batalha se desenrolou num rio e, por vezes, em águas rasas.
A esquadra paraguaia – sob o comando do oficial Pedro Inácio Mezza – também dispunha de nove navios, a grande maioria mercantes, improvisados em embarcações de guerra.
Os inimigos também contavam com seis ‘chatas’, que eram barcos sem propulsão, rebocados pelas outras embarcações. Como tinham fundo raso, eram de difícil visualização para o inimigo, deixando à mostra somente seus canhões com seis polegadas de calibre.
A Batalha
Quando o Paraguai foi iniciar a ofensiva, um dos navios teve problemas em sua hélice, o que atrasou o ataque e retirou o fator surpresa da estratégia de López.
Apesar do contratempo, os paraguaios insistiram com o confronto e, por volta das 9h, desceram o Rio Paraná para iniciar o ataque.
Ao flagrar a movimentação inimiga, Barroso determinou que parte de seus homens, que estava em terra em busca de lenha, reembarcassem e se preparassem para a luta.
Enquanto as embarcações brasileiras se organizavam, os paraguaios desceram o rio e iniciaram o ataque com seus canhões. Após os disparos, seguiram em frente e foram se abrigar junto a Foz do Riachuelo, onde, em terra, estava parte de sua artilharia.
Em formação, a esquadra brasileira desceu o rio em direção aos paraguaios e um novo combate foi iniciado. Os navios conseguiram passar pelas embarcações paraguaias, mas apenas seis concluíram o translado. Dois deles –Jequitinhonha e Belmonte – encalharam. Parnaíba, por sua vez, foi atacado por três navios paraguaios.
Com os brasileiros em clara desvantagem, a batalha poderia ter chegado ao fim. O comandante Barroso, entretanto, decidiu retornar e subir o rio novamente. Ao se aproximar dos navios paraguaios, aproveitou o porte das embarcações imperiais, especialmente da fragata Amazonas, e abalroou as embarcações paraguaias, o que acabou levando a esquadra brasileira à vitória.

O diretor do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, almirante Armando de Senna Bittencourt, explica que essa decisão do comandante Barroso foi a responsável pela mudança de rumo na Batalha.
“Barroso teve a coragem de voltar e, numa manobra tática e decisiva, usou a proa do navio dele como aríete e abalroou pelo menos dois navios”, avalia.
Para o historiador Francisco Doratioto, a manobra empregada por Barroso foi essencial para assegurar o sucesso brasileiro no confronto.
“Barroso teve grande presença no combate. A frota brasileira foi atacada quando amanhecia e as caldeiras dos navios ainda estavam sendo aquecidas. Ainda assim, ele teve êxito em posicionar os navios para a batalha e, nesta, manteve uma interpretação correta do seu desenrolar e tomou as iniciativas necessárias para vencer as embarcações atacantes”, explicou.
O almirante Bittencourt acredita que a vitória de Riachuelo levantou o moral das tropas e foi essencial para assegurar não só o desfecho favorável ao Brasil na Guerra do Paraguai, mas também para fortalecer o país como uma nação.
“A guerra foi longa, difícil e causou muitas mortes e sacrifícios. Foi nela que brasileiros de todas as regiões do país foram mobilizados e trabalharam juntos para a defesa da Pátria. Consolidou-se, assim, nossa nacionalidade”, concluiu o almirante.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Fonte: Ministério da Defesa

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