03/08/2015 - Segurança real e virtual: curso do Exército treina magistrados da 4ª Região
“Atualmente
o grau de risco das autoridades do Poder Judiciário é muito elevado,
tanto para os magistrados quanto para os familiares. O nosso objetivo é
despertar a mudança de cultura de segurança dos juízes”. Esse foi o
alerta do major do Exército Luciano Zucco, integrante do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, aos
magistrados da Justiça Federal da 4ª Região. Durante toda esta semana,
20 juízes e desembargadores participaram do Curso de Segurança e
Proteção de Autoridades Judiciais, que terminou hoje (31/7).
O treinamento contou com aulas práticas dadas por oficiais do
Exército sobre técnicas de segurança em situações de risco, como direção
defensiva e evasiva, manuseio de armas de fogo e, também, orientações
sobre segurança da informação. “Passamos dicas de segurança pessoal,
patrimonial, institucional, que vão desde os cuidados com o Facebook e
Whatsapp até como os prestadores de serviço da família devem agir para
não repassar informações que colocam todos em risco”, explicou Zucco.
O major coordenou a segurança da Presidência da República durante
quatro anos, entre os governos Lula e Dilma, e trouxe o mesmo armamento
utilizado por lá para o treinamento dos magistrados, como metralhadoras,
fuzis e pistolas. “No estande, eles treinaram o tiro de defesa, que
ocorre por causa da violência urbana: instintivo e que demanda reações
mais rápidas”, explicou.
Para o diretor de ensino do curso e comandante do 3º Batalhão de
Polícia do Exército (BPE), tenente coronel Raymundo Pires Monteiro, o
treinamento não busca formar agentes de segurança, mas autoridades
públicas conscientes. “Buscamos chamar a atenção dos magistrados para as
situações de risco a que estão expostos e desenvolver uma atitude de
alerta e de colaboração com as equipes que venham a prestar segurança a
eles quando estão em vulnerabilidade”.
Segurança e exposição na rede
Após cinco dias de aula, o sentimento entre os magistrados era
unânime: o curso prático desenvolveu um olhar mais cuidadoso sobre a
segurança. “Estamos constantemente expostos, em maior ou menor grau,
seja com a atuação em processos de grande ou pequena repercussão e,
muitas vezes, não nos damos conta disso”, analisou o juiz federal
Marcelo De Nardi.
Ele lembrou que os dados judiciais estão cobertos por uma segurança,
porém, o treinamento alertou para o perigo das informações pessoais
disponibilizadas na internet. “Com o curso, aprendemos a utilizar
sistemas de proteção de dados pessoais e a utilizar as redes sociais com
mais cuidado”, completou De Nardi.
Já a desembargadora federal Marga Inge Barth Tessler destacou os
ensinamentos de defesa pessoal como um dos pontos fortes do treinamento.
“A arte marcial Krav Magá é interessante para as mulheres, pois permite
a quem não tem força física aprender a fugir e se desvencilhar da
agressão”, relata a magistrada.
Para o desembargador federal João Batista Pinto Silveira, o curso
teve como diferencial as ações práticas, nas quais os magistrados saíram
às ruas, em locais públicos, sendo submetidos a situações de risco.
“Fomos seguidos, simulando experiências e sendo orientados a agir com
segurança na crise”, contou.
O juiz federal Sergio Renato Tejada Garcia chamou a atenção para
outro aspecto do curso: “além de toda a ação prática, também é
importante a relação institucional desenvolvida com o Exército. Passamos
a conhecer o funcionamento do quartel, as rotinas e funções dos
oficiais, e eles a entender melhor o Poder Judiciário Federal”, finaliza
Tejada.
O Curso de Segurança e Proteção de Autoridades Judiciais foi
realizado em parceria entre a Escola da Magistratura do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região (Emagis), o Comando Militar do Sul (CMS) e
a Escola Superior da Magistratura do Rio Grande do Sul (ESM - Ajuris).
Comentários
Postar um comentário