03/06/2015 - Caminhões autônomos vão mudar radicalmente o setor de cargas
A direção autônoma de automóveis vai mudar radicalmente o transporte
rodoviário de cargas num futuro próximo. Segundo o secretário-geral do
Fórum Internacional de Transportes (ITF), José Viegas, é esse o setor em
que primeiro deve ocorrer a massificação dos veículos que não precisam
necessariamente de um condutor.
De acordo com Viegas, três caminhões autônomos da alemã Mercedes-Benz
já conseguiram autorização do governo e operam comercialmente nas
estradas do Estado americano de Montana. A princípio, os caminhoneiros
estão lá, acompanhando o processo, o que não deve ser mais necessário em
dois ou três anos.
“Isso vai ter importância decisiva na redução os custos do transporte
rodoviário de mercadorias”, disse Viegas. “Hoje, na Europa, os
caminhoneiros representam cerca de metade do custo do frete de longa
distancia.”
Para Viegas, um dos principais limitadores desse tipo de transporte é
o número de horas de trabalho do motorista. “Se você não tem motorista,
essa limitação não existe. Então, você vai poder ter caminhões que vão
circular 23 horas por dia”, afirmou.
Questionado sobre a satisfação os sindicatos de caminhoneiros com tal
inovação tecnológica, Viegas admitiu que “isso traz complicações
dramáticas no emprego, mas não adianta resistir”.
“Do
Rio de Janeiro a Salvador, por exemplo, são 3,000 km. Se você tiver
essa tecnologia e eu não tiver, você vai ter um custo que é 30% a 40%
abaixo do meu. No dia seguinte, eu estou fora do mercado”, afirmou. “É
por isso que eu digo que vai ser uma propagação muito mais rápida (dessa
tecnologia) no caminhão do que no automóvel particular.”
Viegas sugere a criação de um fundo para ajudar na recolocação e
requalidicação dos caminhoneiros, que tendem a desaparecer com a nova
tecnologia. “Por que, em vez de tentar resistir a essa força de
progresso que é inevitável, os sindicatos não dizem: vamos pegar em 20%
essa poupança e afetar ela a um fundo que permita fazer a qualificação e
a reforma antecipada dos motoristas?”, questiona.
Segundo ele, a indústria está tentando convencer a União Europeia e a
associação dos transportadores europeus a começar a trabalhar juntos
num projeto sobre o tema. “Tem de ter, desde já, o envolvimento dos
sindicatos na busca da solução e não no evitar desse desenvolvimento,
que é inevitável”, disse. “Isso é algo que tem de ser tratado antes de a
tecnologia estar no mercado, não depois.” Fonte: Valor Econômico
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