16/05/2015 - Servidores dos consulados brasileiros e demais servidores do Itamaraty entram em greve

Ivana Lima entrou no ministério das Relações Exteriores em 2007, como oficial de chancelaria. Há um ano e oito meses ela vive em Atlanta – em uma casa cujo aluguel equivale a três quartos do seu salário líquido.
“Irregularidades no pagamento como atrasos de um ou dois meses já aconteceram antes, mas de agosto de 2014 para cá tivemos atrasos de três ou quatro meses”, conta Ivana, sobre o auxílio-moradia que deveria receber do Itamaraty. Segundo ela para manter o aluguel em dia, foi preciso recorrer às reservas, empréstimos e cartões de créditos. “Vivemos no vermelho e não podemos planejar nada”, acrescenta ela, que é casada e tem um filho.
Ivana faz parte do grupo de servidores do Ministério das Relações Exteriores que começou uma greve na terça-feira (12) no Brasil e no exterior.
Entre as principais reivindicações estão o pagamento em dia do auxílio-moradia no exterior e os reajustes salariais de assistentes de chancelaria, diplomatas e oficiais de chancelaria.
Embaixadas e consulados no exterior com fuso horário à frente do brasileiro, na África, Ásia, Europa e Oceania já iniciaram a paralisação.
Outras reivindicações da pauta são a concessão automática de passaporte diplomático a todos os membros do Serviço Exterior Brasileiro, que não contempla os assistentes de chancelaria; além de regras para os plantões consular, diplomático e dos setores de comunicações dos postos no exterior, que hoje não têm regime de compensação de horas para quem realiza os plantões.
O impacto dos atrasos no pagamento dos auxílios é ainda mais forte em cidades com alto custo de vida.
Osvaldo Nascimento é casado com uma oficial de Chancelaria e vive em Camberra. Eles têm três filhos de 17 anos, 14 anos e 12 anos. Ele disse à Agência Brasil que a família já usou todas as economias que tinha por causa do pagamento atrasado e o que ajuda a minimizar é o fato de que ele pode trabalhar.
“Mas trabalho pelo dinheiro e estou fora da minha carreira”, pondera. “O visto de trabalho que tenho é limitado e aqui trabalho carregando malas em um hotel e como lavador de pratos”, diz Osvaldo que, no Brasil, era professor universitário de português em Brasília. A família vive fora há oito anos – antes de ir para a Austrália, eles viviam em Tóquio.
O Itamaraty reconhece as dificuldades para cumprir o compromisso. Em um ofício enviado pelo ministério ao Sinditamaraty no dia 16 de abril, o Itamaraty afirmou se solidarizar com o pleito da regularização e pagamento dos auxílios atrasados, e informou estar empenhado na obtenção da verba para o repasse. Segundo o ofício, o saldo destinado para este tipo de despesa é insuficiente.
Com relação à reivindicação salarial, o sindicato informa que, em 2008, os diplomatas tiveram reajuste salarial, mas os assistentes e oficiais de chancelaria não receberam aumento. bp

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