30/03/2015 - FEB Série Heróis Esquecidos: 1º Ten Av Alberto Martins Torres do 1º GAvCa

Filho de um diplomata brasileiro, Alberto Martins Torres nasceu no dia   10/12/1919 em Norfolk, Virginia – EUA. Fez o curso primário em Munique, Alemanha, prosseguindo em Constantinopla, Turquia, o ginásio até o quarto ano.
Em janeiro de 1941 era criada a Força Aérea Brasileira, que já no seu início foi obrigada a preparar-se para o conflito e uma das medidas adotadas foi a de implantar sua Reserva Aérea. Como ainda era precária a formação de pilotos militares no Brasil, a FAB passou a enviar jovens civis voluntários para serem treinados nos Estados Unidos, aproveitando acordo recentemente assinado entre o Brasil e aquele país. Torres foi um dos primeiros voluntários e embarcou em um navio cargueiro americano sem escolta, rumo à Nova Iorque, cinco dias após o ataque a Pearl Harbor. Seu destino seria a Randolph Field, uma das melhores escolas de aviação do exército dos EUA, localizada no Texas. Ele declarou posteriormente que apenas se deu conta do perigo que passou durante os 14 dias de viagem quando, ao desembarcar, encontrou o povo americano mobilizado para a guerra. Foi uma sorte atravessar a rota Brasil – Estados Unidos, já infestada de submarinos alemães à caça de mercantes indefesos.
Terminado o curso nos Estados Unidos, o Aspirante Aviador Torres foi servir no 1º Grupo de Patrulha, Unidade de Combate sediada no Calabouço, Rio de Janeiro, equipada com o Lockheed Hudson A-28 e o Consolidated Catalina PBY-5. Foi depois enviado à Base Aeronaval da Marinha dos EUA, em Aratú, Bahia, para um estágio operacional, tornando-se apto a cumprir missões de patrulha e cobertura de comboios de navios mercantes que vinham sendo alvos de ataques dos submarinos do Eixo.
Torres não estava escalado para a missão do Catalina que atacou e afundou o submarino alemão U-199 na costa brasileira. O comandante do grupo só o escalou depois como tripulante extra.  Após a decolagem, ele acomodou-se no beliche para descansar. Cerca de meia hora depois, o 1º Ten Av Miranda Correa, que pilotava o avião, pediu-lhe para ocupar sua posição enquanto completava a plotagem da rota a ser seguida após Cabo Frio. Miranda Correa foi outro piloto que integrou o 1º Grupo de Caça na Itália. Era o oficial de informações do grupo. E foi no comando do Catalina que Torres recebeu uma mensagem cifrada da base indicando a presença de um submarino nas proximidades. Imediatamente rumou para o local indicado acelerando os motores. Ordenou que as metralhadoras fossem checadas, preparou as bombas de profundidade que equipavam o avião e continuou manobrando o avião para a posição de ataque, com Miranda Correa agora atuando como bombardeador. O U-199 foi atingido pelas bombas de profundidade do Catalina e foi ao fundo.
Torres foi mais um dos pilotos de patrulha que depois se integrariam ao 1º Grupo de Caça (1º GAvC) que combateu nos céus da Itália. É ele, sem dúvida, o grande ás da aviação militar brasileira. Além de ter sido o único piloto de patrulha a afundar comprovadamente um submarino inimigo, foi o piloto que cumpriu o maior número de missões ofensivas durante o período que esteve na Itália no  1º GAvC. Foram 99 missões ofensivas pilotando o caça Thunderbolt P-47.
Após o término da guerra, Torres foi um dos pilotos enviados aos Estados Unidos para trazerem caças Thunderbolt P-47 para o Brasil para incorporação à FAB.  E foi assim que ele regressou ao Brasil – pilotando um dos dezenove P-47 que saíram de Kelly Field, Texas, sob a liderança do Ten Cel Av. Nero Moura, comandante do 1º GAvC durante a Campanha da Itália. Aterrissaram  no Campo dos Afonsos, sendo recebidos pelo presidente Getúlio Vargas, em cerimônia solene, no dia 16 de julho de 1945.
Dentre as várias atividades exercidas por Alberto Martins Torres na vida civil se encontra a fundação da TABA (Transporte Aéreo da Bacia Amazônica). Foi também o coordenador do programa de agricultura do Acordo Brasil x EUA, conhecido como Ponto 4, desempenhando com competência uma atividade totalmente diferente de suas atividades anteriores. Na Texaco do Brasil S.A., desempenhou as funções de gerente do Departamento de Planejamento e Vendas. Em 1966, Torres implantou no Brasil a multinacional Brink’s – Transporte de Valores S.A., empresa pioneira nessa atividade no Brasil da qual passou a ser o Superintendente, cargo que exerceu por mais de 25 anos.
Este grande ás da Força Aérea Brasileira faleceu no dia 30 de dezembro de 2001, em São Paulo, aos 82 anos de idade.
Colaborador: Marcus Vinicius de Lima Arantes (mv-arantes@uol.com.br)
Fontes: Anotações Pessoais / Senta a Pua (Rui Moreira Lima) / Torpedo, o Terror no Atlântico (Marcus Vinicius de Lima Arantes)

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