02/01/2013 - Prefeito, vereadores e magistrado têm áreas em Suiá-Missú
Prefeito,
vereadores e magistrado têm áreas em Suiá-Missú
01/01/2013 15:17
Documento do MPF revela que área
xavante era ocupada por grande latifundiários, no Nordeste de MT
A Terra Indígena de Marãiwatsédé, em Alto Boa Vista
(1.059 km a Nordeste de Cuiabá), que passa por processo de desocupação pelos
não índios desde o dia 10 de dezembro, é um foco de latifúndios, com boa parte
de suas terras pertencentes a grandes fazendeiros, políticos, empresários e,
até mesmo, um magistrado.
As informações constam de documento em poder do
Ministério Público Federal, a cuja cópia o MidiaNews teve acesso.
O plano de desintrusão das forças de segurança
prevê que a desocupação seja feita, primeiro, nas propriedades com maior
extensão, mas com número reduzido de pessoas.
A Fazenda Jordão, primeira a ser desapropriada na
área xavante e palco de confronto entre moradores e forças de segurança, é um
exemplo de latifúndio.
Considerada a maior propriedade particular da área,
com 6,1 mil hectares, pertence a Antônio Mamed Jordão, ex-vice-prefeito do
próprio município.
Mamed faz parte de um pequeno grupo de pessoas que
têm a maior parte das terras dentro da reserva indígena.
Juntas, essas propriedades somam 32,8 mil hectares,
ou seja, 19,8% dos 165 mil hectares da área xavante.
Segundo dados da Justiça Eleitoral referentes a
2008, Mamed tem patrimônio declarado de R$ 4,5 milhões.
Entre os políticos que figuram na lista dos
“latifundiários”, está o ex-prefeito de Alto Boa Vista, Aldecides Milhomem de
Cerqueira, cassado em 2011 do cargo, e cujo patrimônio é de R$ 2,8 milhões. Ele
é dono da Fazenda Azulona, de 1,1 mil hectares.
O irmão dele, Antônio Milhomen de Cerqueira, também
tem propriedades na área. Ele é o proprietário de 5 fazendas (Canal III,
Represinha, Canal, Canal IV e Santa Maria), que, juntas, somam 1 mil hectares.
O prefeito de São Félix do Araguaia, Filemon
Limoeiro, candidato derrotado à reeleição em 2012, tem duas fazendas na reserva
indígena – Aripuanã e Estância Saraiva e Rancho. Somadas, têm 565 hectares. Ao
Tribunal Superior Eleitoral, ele declarou patrimônio de R$ 682,7 mil.
Além de políticos, o nome de um membro do Poder
Judiciário de Mato Grosso consta da lista de donos de terras na região.
O desembargador Manoel Ornellas de Almeida, do
Tribunal de Justiça do Estado, é apontado como suposto dono da Fazenda São
Francisco de Assis, com 886,8 hectares.
Vereadores e ex-vereadores
O ex-vereador por Alto Taquari, Admilson Luiz de
Rezende, tem as fazendas Boa Vista I e Bela Vista II. Somadas, as duas
propriedades têm 1,9 mil hectares.
A segunda maior propriedade da região, a fazenda
Conquista, tem 4 mil hectares e pertence ao vereador por Rondonópolis, Mohamad
Khalil Kaher (que tem patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 390.654),
e ao produtor rural Claudimir Guareschi.
O também ex-vereador por Alto Boa Vista, Raimundo
Carlos Alves Coimbra, possui a fazenda São Raimundo, de 122 hectares.
Produtores rurais
Os grandes produtores rurais detém os maiores
hectares de terra de Marãiwatsédé.
Entre eles, está Gilberto Luiz de Rezende, o
‘Gilbertão’, apontado com o responsável pela entrada dos posseiros na reserva
indígena. Sua fazenda, a Guanabara, tem 2,6 mil hectares.
Confira abaixo a lista com os nomes de outros
produtores, segundo o MPF:
Antônio Penasso - Fazenda Colombo, 3,7 mil hectares
Naves José Bispo, morador de Goiânia (GO) - Fazenda
Vida Nova, 1 mil hectares.
Nair Iris Bispo Alves - Fazenda Trianeira, 968
hectares
Sebastião Ferreira Prado - Fazenda Cristo Rei, 1,2
mil hectares
Sebastião Ferreira Mendes - Fazenda Riacho Bonito,
2,4 mil hectares
José Donizete Boldrin - Fazenda Chave de Ouro, 3,6
mil hectares
Elvira Coelho Coutinho - Fazenda Alto Alegre, 1,1
mil hectares
Joaquim Leopoldino de Freitas - Fazenda
independência, 1,5 mil hectares
José Borba de Castro - Fazenda Ribeirão da Cabaça,
1 mil hectares
Maximino Antônio Fedel - Fazenda Estrela, 1,1 mil
hectares
Neivo Spigosso - Fazenda Santo Expedito, 1,3 mil
hectares
Osmarir Luiz da Mota - Fazenda Araguaia, 1,8 mil
hectares
Comentários
Postar um comentário