15/09/2012 - A DECEPÇÃO DE UMA DECISÃO


Confamil
A DECEPÇÃO DE UMA DECISÃO
Após um longo período de espera na busca de uma resposta à situação salarial aflitiva em que se encontra a Família Militar, tivemos a decepção de uma decisão inteiramente contrária aos anseios e aspirações de todos nós. A CONFAMIL, em passado recente, elaborou um estudo sobre a situação salarial dos militares, presente em nosso portal (www.confamil.com.br), e que espelha a realidade financeira em que vivemos. Em que pesem as argumentações apresentadas, a decisão final surpreendeu-nos pelo inusitado do percentual de reajuste concedido, que em nada corresponde aos dados decorrentes do estudo realizado. A reação não poderia ser outra, pois o que foi concedido o foi sem ter-se, preliminarmente, realizado o devido ajuste salarial, de modo a igualar o valor do nosso salário médio ao valor do menor salário médio da categoria dos servidores públicos mais mal remunerados da administração direta. Uma vez ignorado esse fato, tudo ficou ainda pior do que estava anteriormente, tornando-nos, mais uma vez, reféns de “migalhas” que são concedidas para manter-nos quietos, embora descontentes. Como a disciplina e a hierarquia se constituem em empecilho para manifestações de desagrado, tudo tenderá à aceitação do já surrado e exaustivo argumento de ser uma consequência da crise internacional. Diga-se, por sinal, que isso já se vem repetindo, com absoluta regularidade, há exatos 52 anos, sem qualquer interrupção. O que pretendemos, diante desse quadro é mostrar a Família Militar o quanto somos ingênuos em reivindicar direitos, e o resultado é o de continuarmos vassalos e sempre dispostos a aceitar a postura autocrática do poder central de, arbitrariamente, ignorar os anseios da Família Militar em resgatar a sua dignidade salarial. É inevitável inferir que tudo o que foi estudado anteriormente de nada serviu, o que, aliás, não é novidade, a não ser para ganhar-se tempo para algo que desde há muito já se sabia o desfecho. Não é nada agradável esse nosso sentimento de ingenuidade para acreditar que indivíduos que nunca tiveram estatura moral para gerir o interesse público fossem, agora, avaliar, sem preconceito, o grito dos militares em defesa de melhores e mais justos salários. Por mais absurdo que seja, a verdade é que, mais uma vez, somos vítimas do ranço ideológico que alimenta essa escória no poder. Mas o que fazer quando os comandos de Força recebem com agrado mais essa migalha? Será que perderam a noção do que é liderar uma tropa atentos aos seus anseios e de suas famílias? Ou será que interesses subalternos se sobrepujaram aos interesses da tropa? Francamente que fica muito difícil acreditar que tudo que emana do poder é inocente e movido pela mais pura das intenções. Mentiras, dissimulações, hipocrisias, são os adjetivos mais imediatos que se pode dizer com relação a essa descabida proposta salarial. Tudo nos leva a crer que houvesse um grande acordão, no qual receberíamos e aceitaríamos uma migalha salarial em troca de não nos manifestar-nos, não só por imposição dos preceitos da disciplina e da hierarquia, como também na renúncia de maiores pressões sobre a criação da Comissão da Verdade. Sendo todos bonzinhos nesses aspectos poderíamos ser merecedores do beneplácito oficial. Cabe aqui uma observação curiosa: será que não foi percebido, ou que possam esclarecer a razão pela qual o parcelamento do reajuste salarial foi projetado até março de 2015, se o mandato presidencial termina e 2014? Embora se tenha conhecimento de que esta seja uma prática usual e legal na administração pública, de colocar na proposta orçamentária valores que se efetivarão além do mandato presidencial, fica-nos o recado subliminar de estarem nos colocando a optar por duas alternativas: ou já existe um pressuposto de que a Presidente será reeleita, independente do resultado das urnas; ou é mais uma dissimulação para a necessidade de reconduzi-la ao poder, para que aquele percentual de reajuste se concretize, o que pode ocorrer caso o candidato de outro partido venha a substituí-la. Em termos de falta de ética ou de maldosa dissimulação, esse partido no poder é inigualável. Se esse é o temor que têm, por que então não aumentarem os percentuais que seriam distribuídos em três anos para apenas dois? Não é justo pensar na falta de recursos quando se sabe que valores expressivos foram alocados a projetos de propósitos eminentemente eleitoreiros, demagógicos e realimentadores da corrupção. A única reação que podemos mostrar o nosso desagrado e a de não votar nem na reeleição e nem na condução de quem quer que seja desse partido, a um cargo eletivo. É preciso não esquecer que a democracia se fortalece e se consolida na medida em que haja a alternância de políticos de partidos diferentes na condução do País, e não de políticos do mesmo partido nessa condução, pois estaríamos referendando a instituição de um partido único que representa o já decrépito e surrado socialismo de triste memória na história da humanidade. Waldemar da Mouta Campello Filho Capitão-de-Mar-e-Guerra Presidente da CONFAMIL Coordenador do Sistema CONFAMIL.  confamil

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