20/08/2015 - Brasil avança no campo das bombas de voo controlado
Indústria paulista lança o Sistema Friuli de Planeio e Guiamento, e Brasil avança no campo das bombas de voo controlado
Por Roberto Lopes - planobrazil
Sem vocação (ou recursos) para as
manobras de marketing de empresas, como ela, sediadas no pólo
tecnológico de São José dos Campos (SP), ou a tradição de marcas mais
antigas no segmento do Material de Defesa, a empresa Friuli Aeroespacial
vem abrindo, quase silenciosamente, uma nova etapa para as pesquisas da
indústria nacional com bombas aéreas guiadas.
O novo patamar tecnológico é representado
pelo chamado Sistema Friuli de Planeio e Guiamento (FPG-82), projeto
financiado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
Trata-se de um kit para ser acoplado em
bombas de aviação do tipo BA-FG-230/Mk.82 ((Bomba de Fins Gerais Mk.82
de 230 Kg). Seu objetivo: dotar bombas de capacidade de planeio de forma
controlada até um alvo pré-definido, potencializando o emprego tático
com baixo custo.
O kit é composto basicamente de:
- Um conjunto de asas que garante uma razão de planeio que, dependendo da altitude em que a bomba é lançada, poderá conferir ao conjunto um um raio de ação máximo entre 70 km e 80 km (quase o triplo do alcance proporcionado pelo kit Acauã, desenvolvido pela empresa Mectron, também de São José dos Campos);
- Um sistema de guiamento GPS/INS com eletrônica embarcada apto a guiar o petardo até um alvo predeterminado.
Colômbia – A afirmativa sobre o maior alcance do Sistema Friuli baseia-se em testes divulgados pela própria Mectron (grupo Odebrecht).
Embarcado em uma aeronave de ataque A-1, da Força Aérea Brasileira, o conjunto Acauã
atingiu um alvo localizado a 28,5 km do ponto de lançamento da bomba. A
aeronave se deslocava à velocidade de mach 0.7, mantendo uma altitude
de 9.000m do solo (altitude e velocidade do avião lançador da bomba são
fatores determinantes para o tipo de alcance que a bomba poderá
atingir).
O Sistema de Guiagem Friuli FPG-82 também foi adaptado à linha de bombas Indumil Xué, de fabricação colombiana, que inclui petardos de 125, 250 e 500 libras.
As bombas são um desenvolvimento feito pela companhia Indumil, dos modelos americanos tipo Mk.82.
De acordo com um relatório apresentado
pela empresa à Força Aérea Colombiana, o aproveitamento do kit
brasileiro da Friuli permite converter em “inteligente” a qualquer uma
das bombas aéreas Xué.
Aspide – A 13 de
dezembro de 2012, a Friuli, companhia do ramo de tecnologia mecânica
aeroespacial fundada em junho de 1986, anunciou a venda de 51% do
negócio ao grupo italiano Magnaghi, de Nápoles (faturamento de 85
milhões de Euros em 2011).
A partir de 2008, a empresa passou a
expandir sua operação no segmento de Defesa, com foco nas áreas de
eletrônica, aerodinâmica e controle.
As peças fabricadas no parque industrial
da Friuli, de aproximadamente 5.000 m², vão desde componentes para
aviões (sua principal cliente é a Embraer) a foguetes despistadores de
mísseis.
A partir de meados dos anos 2000 a Friuli
passou a atender também a Marinha do Brasil, produzindo contêineres
destinados ao armazenamento e transporte de mísseis Aspide.
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