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20/01/2016 - Goyaz no sesquicentenário da Guerra do Paraguai


O maior conflito armado internacional na América do Sul durante o século XIX
POR Bento Fleury


No dia 20 de janeiro de 1866, há exatos 150 anos, do Largo do Chafariz, na velha Vila Boa de Goiás, hoje cidade de Goiás, partia o Batalhão dos Voluntários da Pátria, composto por militares, civis e muitos escravos, com o destino à luta no campo de batalha em Mato Grosso e no Paraguai. Um dia triste com sentidas lágrimas, despedidas e separações, na maioria para todo o sempre! Tantos tombaram nas batalhas, pela fome ou pelas enfermidades. Poucos voltaram; tantos mutilados e enlouquecidos pelas misérias vistas!
Há 150 anos ocorria a Guerra do Paraguai, maior conflito armado internacional que aconteceu na América do Sul durante o século XIX. Foi, também, alcunhada de “Guerra da Tríplice Aliança”, na Argentina e Uruguai e “Grande Guerra”, no Paraguai. O fato é que as rivalidades platinas e a formação de Estados Nacionais deflagraram o conflito que foi profundamente nefasto ao Paraguai; que destruiu por completo a sua economia e que dizimou grande parte de sua população.
Por seis anos durou o conflito, de 1864 a 1870, terminando com a morte do ditador Francisco Solano López em Cerro Corá e a vitória brasileira.
A gênese do conflito esteve arraigada no Paraguai que, desde sua independência, os seus governantes o afastaram os conflitos armados na região Platina. Mas, com a subida de Solano López ao poder, o país saiu de seu isolamento.
Assim, em 1864, o Brasil estava envolvido em um conflito armado com o Uruguai; havia deposto Atanásio Aguirre por meio da organização de suas tropas. O governo uruguaio era líder do Partido Blanco e aliado de Solano. Essa investida do Brasil contrariou os interesses políticos e bélicos do Paraguai.
Em contrapartida, como retaliação, Solano López aprisionou o navio brasileiro “Marquês de Olinda” no porto de Assunção e, na sequência, atacou a cidade de Dourados, na Província de Mato Grosso. Esse foi o ponto inicial da Guerra. Nesse navio estava o Presidente da Província de Mato Grosso, Frederico de Campos, que nunca mais chegou a Cuiabá, morrendo como prisioneiro dos paraguaios.
Iniciado o ano de 1865, o Paraguai realizou várias incursões armadas no território da Argentina, com o objetivo único de atacar o Rio Grande do Sul. No intuito de frear as intenções do ditador paraguaio, o Brasil, a Argentina e o Uruguai firmaram um acordo militar denominado “Tríplice Aliança”.
Nesse tempo, anterior à Guerra, o Paraguai era uma potência política, social e econômica, independente, inclusive, das nações europeias; o que contrariava em muito as pretensões expansionistas inglesas e por esse motivo, no sentido de dominar também o Para- guai, a Inglaterra se colocou a favor dos países da Tríplice Aliança, emprestando dinheiro para o conflito e apoio militar.
Os ingleses objetivavam enfraquecer o Paraguai e torná-lo dependente assim como os demais da América do Sul. Após a Guerra, o Paraguai estava completamente destruído economicamente e nunca mais reconquistou a glória passada.
Na verdade, Solano López foi muito ousado no sentido de suas pretensões. Queria ele novos territórios e uma saída para o mar por meio do domínio do Rio Prata; o que libertaria seu país das tarifas alfandegárias cobradas pelo porto de Buenos Aires. Mas não imaginou que tudo se precipitaria contra ele e seu país, com a destruição total de sua economia mais tarde.
Outros estudiosos afirmam que Solano López reagiu como precaução, imaginando que, após atacar o Uruguai, o Brasil também voltaria seu ataque ao Paraguai. Ele sentiu-se ameaçado e reagiu, mesmo com uma atitude suicida de tamanha proporção. Houve falta de diplomacia e traquejo para solucionar o impasse nos gabinetes e nos acordos. Agindo por impulso, quase passional em relação à pátria, López precipitou tudo e se atirou na batalha. As consequências foram nefastas.
Já outros afirmam que a culpa brasileira foi atacar o Uruguai e, com esse ato, ameaçar o Paraguai. O Uruguai, para alguns estudiosos, não oferecia nenhum risco para o Brasil e que a luta ocorreu apenas para defesa de terra de alguns estancieiros gaúchos, na fronteira. Não era uma guerra de interesse nacional. Há muitas controvérsias e versões sobre os verdadeiros culpados pela Guerra do Paraguai, tão fatídica e cruel.
Para muitos estudiosos, o Brasil sentia-se fortalecido e apostava numa guerra rápida e vitoriosa. O mesmo pensamento tinha López, apostando na investida no território de Mato Grosso que era imenso e desprotegido. Houve erro de ambos os lados.
A Guerra se estendeu mais do que o esperado. Um dos motivos foi o território da guerra, imenso, vasto, desconhecido, inóspito, no chão do Pantanal, assim como o espírito patriótico do soldado paraguaio, disposto a tudo para proteger o seu país. Daí a agressividade dos conflitos com a morte de milhares de inocentes e, também, escravos envolvidos.
Mas, as baixas maiores se deram no Paraguai. Segundo o censo da época, 90% da população masculina paraguaia maior de vinte anos foi dizimada; não só pelo efeito bélico, mas também com a fome e pestes.
Outro fator relevante na Guerra do Paraguai foi o uso dos escravos como soldados. A maioria destes, no exército brasileiro, era composta por negros, mulatos e mestiços. O exército na época não aceitava em sua corporação o escravo. Estes, então, eram libertos para lutar na Guerra, sem nenhum preparo. A famosa Guarda Nacional não tinha soldados brancos suficientes. Muitos negros foram enviados para a Guerra no lugar dos brancos.

Quartel do 20, no Largo do Chafariz, na cidade de Goiás, de onde saíram, há 150 anos, os membros do Batalhão dos Voluntários da Pátria
Quartel do 20, no Largo do Chafariz, na cidade de Goiás, de onde saíram, há 150 anos, os membros do Batalhão dos Voluntários da Pátria
Mapa dos recrutas enviados à Guerra, em 1867, pelo presidente da Província de Goiás
Mapa dos recrutas enviados à Guerra, em 1867, pelo presidente da Província de Goiás

Augusto de Leverger, o Barão de Melgaço, que evitou a destruição de Cuiabá pelos paraguaios
Augusto de Leverger, o Barão de Melgaço, que evitou a destruição de Cuiabá pelos paraguaios

Documento original de 1866 com a relação dos membros do Batalhão dos Voluntários da Pátria; muitos dos quais foram para nunca mais voltar. Arquivo de Bento Fleury
Documento de 1867 do Governo Imperial, destacando sobre a Guerra do Paraguai, assinado pelo Barão de Miritiba

Documento de 1867 do Governo Imperial, destacando sobre a Guerra do Paraguai, assinado pelo Barão de Miritiba
Documento do presidente da Província de Goyaz convidando a população para uma celebração religiosa na Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte pelo fim da Guerra do Paraguai, em 1870

Documento do presidente da Província de Goyaz convidando a população para uma celebração religiosa na Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte pelo fim da Guerra do Paraguai, em 1870
Documento original de 1866 com a relação dos membros do Batalhão dos Voluntários da Pátria; muitos dos quais foram para nunca mais voltar. Arquivo de Bento Fleury

Discurso do imperador Dom Pedro II sobre as vitórias brasileiras no Paraguai. Documento impresso e enviado a todas as províncias
Discurso do imperador Dom Pedro II sobre as vitórias brasileiras no Paraguai. Documento impresso e enviado a todas as províncias

Solano López como ditador tinha poder coercitivo e incitava o povo a lutar a qualquer custo. Foi uma carnificina incalculável.
Todos esses fatos dividem a opinião dos historiadores até hoje. Cerca de duzentas mil vidas foram ceifadas por conta do conflito que já teve várias versões e vários lados analisados em diferentes livros e documentários.
Houve momentos na história, notadamente na década de 1970, que uma reviravolta impulsionou os estudos sobre a Guerra. Pesquisadores de esquerda passaram a interpretar os fatos sob a ótica marxista e inverteram os papéis. Até então, estudava-se a Guerra colocando o Brasil e o Império em atitudes heroicas em seu tempo e, nesse ínterim, López foi recolocado na histórica como um visionário, paladino do progresso social na América do Sul. O Brasil passou a ser o vilão que perpetrou o genocídio.
Passado esse momento da influência marxista na pesquisa sobre a Guerra, em que colocou Solano López como um mártir anti-imperialista, novos historiadores têm desmistificado ambos os lados e colocado a cada um o seu papel de culpa. O consenso é de que a Guerra foi um momento decisivo na história do continente e que os reais motivos foram muito mais regionais, impulsionados pela intromissão inglesa.
Na versão moderna, houve erro estratégico do alto comando militar brasileiro em prolongar excessivamente o conflito além do necessário; o que insuflou a perda de milhares de vidas. Muito se mostra sobre as vacilações do Almirante Tamandaré e o Conde d’Eu durante os conflitos; o que desmente, também, o excesso de heroísmo visto nos estudos anteriores. Erros táticos também causaram muitas baixas entre civis. Havia muitas deserções e saques também do lado brasileiro. A diferença é que a ofensiva paraguaia era mais acirrada. Os soldados de López, aguerridos, iam dispostos a tudo, incitados pela ira do ditador.
A Guerra passou por diversas fases nos seis longos anos em que durou. A primeira fase, de 1864 a 1865, a iniciativa esteve com os paraguaios que invadiram Mato Grosso, Corrientes e o Rio Grande do Sul. Havia, assim, dois teatros para a operação paraguaia na fronteira.
A Província de Mato Grosso, imensa e desguarnecida, foi a que mais sofreu inicialmente com os ataques das tropas paraguaias. Houve ofensiva de dez navios paraguaios, comandados pelo coronel Vicente Barros que, subindo o rio Paraguai, atacou o Forte de Coimbra sob o comando do coronel Hermenegildo de Albuquerque Porto Carrero. Desguarnecidos, os brasileiros que sobreviveram fugiram rio acima com destino a Corumbá. A ofensiva paraguaia seguiu em marcha e atacou as cidades de Albuquerque e Corumbá.
Simultaneamente, a segunda coluna paraguaia comandada pelo coronel Francisco Isidoro Resquin, penetrou por terra e invadiu Dourados, onde encontraram forte resistência do coronel Antônio João Ribeiro. Atacaram, na sequência, Nioaque e Miranda e depois Coxim, em abril de 1865.
Essa tropa paraguaia só não alcançou Cuiabá por conta da fortificação do acampamento do Barão de Melgaço, comandado por Augusto de Leverger; o que evitou a total destruição da capital de Mato Grosso e a morte de centenas de cuiabanos. Da mesma forma ocorreram ataques no sul, via Argentina, com forte resistência brasileira.
A primeira reação de defesa brasileira foi enviar a expedição de combate aos invasores em Mato Grosso, saindo de Uberaba, na Província de Minas Gerais com um contingente de 27.800 homens, comandados por Manuel Pedro Drago. Esses bravos soldados, em grande maioria escravos, marcharam a pé mais de dois mil quilômetros até Coxim, que eles já encontraram abandonada e seguiram até Miranda, também desfeita. Nesse momento, assume o comando o coronel Carlos de Moraes Camisão, mas a corporação já estava reduzida a 1680 homens!
Mesmo com esse contingente reduzido, doente, esfomeado e despreparado, resolveu atacar em Laguna. Foram perseguidos pela cavalaria paraguaia e foi obrigado a recuar. Tal fato foi alcunhado de “A retirada da Laguna”, título de um dos livros do Visconde de Taunay. A região de Corumbá ficou sob o comando paraguaio até 1868, debalde todos os esforços dos brasileiros.
A tropa e os recursos bélicos paraguaios eram muito superiores ao do Brasil, Argentina e Uruguai. Solano López possuía cerca de 60 mil homens e uma esquadra de 23 vapores e cinco navios bem equipados, além de cerca de 400 canhões e muita munição.
O Brasil inferior nesse quesito, com a Guarda Nacional menor e menos preparada, composta em maioria por escravos libertos às pressas, recorreu ao que se chamou de “Batalhão dos Voluntários da Pátria”, inicialmente oriundos de cidadãos com sentimento patriótico e, depois, recrutados à força, em grande maioria escravos forçados a seguir para o campo de batalha.
A Batalha Naval de Riachuelo foi uma das marcas brasileiras na Guerra. Ocorreu em 11 de junho de 1865, no rio Paraná, em que o general Barroso derrotou a esquadra paraguaia. Tal fato mudou os rumos da Guerra e os recursos táticos de ofensiva. No Rio Grande do Sul, também, houve forte ataque por terra e ainda no Rio Uruguai. Foram tomadas as cidades de São Borja, Itaqui e Uruguaiana.
Nesta cidade esteve o próprio Imperador Dom Pedro II no cerco aos paraguaios, onde estavam os presidentes da Argentina, Bartolomé Mitre e do Uru-guai, Venâncio Flores, além de líderes militares como o Almirante Tamandaré. Nesse impasse houve rendição paraguaia mediante acordo.
A partir de então, Solano López concentra sua ofensiva em Humaitá, onde houve forte represália brasileira, sob o comando do general Osório e rendição dos paraguaios em 18 de setembro de 1865. Sob seu comando, no ano seguinte, iniciaram a invasão ao Para- guai, via Rio Paraná e se instalaram em Passo da Pátria, onde interrompeu o avanço dos inimigos, seguida da Batalha de Tuiuti, a mais sangrenta, em 24 de maio de 1866, que deixou um saldo de dez mil mortos. Em Curupaiti, meses depois, houve forte combate, com vitória paraguaia, em que morreram cinco mil homens em poucas horas, entre argentinos e brasileiros.
Em 1866, general Osório foi substituído pelo Duque de Caxias que encontrou o exército estagnado em Tuiuti, dizimado por epidemias. A primeira providência do novo líder, entre 1866 e 1867, foi organizar o corpo de saúde para assistência aos soldados acometidos de cólera. Só em julho de 1867 iniciaram a ofensiva e, em 1868, ocorreu a passagem de Humaitá, em que a esquadra brasileira forçou a travessia da posição fortificada paraguaia sob forte bombardeio. Tal fato levou também ao bombardeio de Assunção, mas o cerco a Humaitá não durou longo tempo.
Por terra foi vencida por Caxias e sua tropa a Batalha de Itororó, sobre a ponte do mesmo nome, em 1868, e o exército seguiu em marcha e aniquilou na Batalha de Avaí, as duas divisões paraguaias. Assim, o Brasil tomava Lomas Valentinas, escorraçando Solano López e acreditava, dessa forma, na vitória brasileira. Como tática militar, Caxias utilizou dois balões para observações das fortificações inimigas, comandados pelo engenheiro militar Conrado Niemeyer.
Solano López não desistiu, debalde o pedido de rendição. Refugiou-se em Cerro León. Assunção já havia sido tomada pelos brasileiros em 1869, sob o comando de Hermes Ernesto da Fonseca. Caxias, adoecido, passou o comando ao Conde d’Eu, que dirigiu a fase final dos combates e operações militares no Paraguai.
Em 1869, a Tríplice Aliança organizou um governo provisório em Assunção. Solano López refez um pequeno exército numa aldeia interiorana, composta até por crianças! Seguiram-se várias batalhas com vitória brasileira até que foram dizimadas. O que se seguiu depois foi uma caça ao ditador para matá-lo. Ele havia se embrenhado no mato com cerca de trezentos homens.
O último acampamento paraguaio foi surpreendido pelo exército brasileiro sob o comando de José Antônio Correia da Câmara em 1] de março de 1870 em Cerro Corá, onde Solano López foi ferido por lança e depois baleado e morto. Seguiu-se atos de covardia do exército brasileiro na matança de civis, incendiando ranchos; matando feridos e doentes do lado paraguaio. Era com muito sangue o fim da Guerra. Em 20 de junho de 1870, Brasil e Paraguai assinavam um tratado de paz.
Goiás, geograficamente ligado a Mato Grosso, teve importante participação e auxílio na Guerra, pelo envio de contingente humano e víveres. O primeiro contingente enviado por Goiás para auxílio era composto por um batalhão de caçadores, um esquadrão de cavalaria e uma companhia de voluntários. Em 24 de agosto de 1865 saíram da Província de Goiás, seguindo para Coxim. Em 18 de julho do mesmo ano partira o esquadrão de Cavalaria, diretamente da cidade de Goiás, sob o comando de Joaquim Mendes Guimarães.
No ano seguinte, a 20 de janeiro de 1866, há exatos 150 anos, partia da cidade de Goiás para o confronto em Mato Grosso, o Batalhão dos Voluntários da Pátria, sob o comando do coronel José Joaquim de Carvalho, seguindo para Miranda e Apa. Muito sofreram no pantanal com doenças, fome e privações.
Somente em 1867 as tropas goianas seguiram para Nioac, no Paraguai, sob o comando do coronel Carlos Camisão e mesmo a pé, conseguiu fazer fugir o inimigo a tiros de artilharia. O Batalhão do 20, goiano, foi o primeiro a pisar o solo paraguaio e ali hasteou o pavilhão nacional. Daí em diante tomou o Forte de Bela Vista, mas a tropa já estava reduzida a 1700 praças; muitos mortos em combate outros pela epidemia de varíola e deserções.
O batalhão goiano participou a Retirada da Laguna, comandada pelo capitão dos Voluntários da Pátria, Vicente Miguel da Silva, de Bonfim de Goiás. Porém, sofreram grandes baixas com o ataque inimigo a seguir, fazendo-os recuar ao território brasileiro, premidos pela fome, cólera e o atear de fogo dos paraguaios nas matas adjacentes.
Goiás, também, teve decisiva participação no envio de víveres ao campo de batalha, auxiliando a Guarda Nacional na luta contra a fome que dizimava grande parte dos praças. Os principais víveres enviados foram farinha, arroz limpo, feijão, toucinho, carne seca, fumo, rapaduras, sacos de algodão e bruacas.
Foram recrutados nas diversas vilas e arraiais, muitos escravos e civis para incorporarem ao Batalhão dos Voluntários da Pátria. A cidade que enviou maior contingente foi Santa Cruz de Goiás, 29; assim como Santa Luzia, 28. Até mesmo a capital enviou 20, e outras vilas como Curralinho, 20; Vaivém, 20; Corumbá, 24; Bonfim, 28; Dores do Rio Verde, 20; Jaraguá, 22; Morrinhos, 28; Formosa, 24; Meia Ponte, 28, além de outras.
Assim, muitos goianos, escravos, negros, mulatos, eram enviados para o confronto sem a mínima condição de preparo bélico. Iam ao encontro da morte por fome, doenças ou na batalha; sem meios de retrocesso ou negativa. Goiás perdeu muitos homens nessa guerra; pobres homens sem destino. Também, teve militares notáveis que se destacaram, mas o saldo é sempre negativo.
Uma guerra é sempre triste, fatídica, cruel. Há 150 anos no território brasileiro e paraguaio houve muita morte, destruição e sofrimento. Ela deixou um rastro de dor, miséria, exclusão, dívidas e orfandade. Sobre essa guerra e seus reflexos em Goiás há uma bela narrativa histórica no romance “Sombras em marcha”, de Rosarita Fleury, que relata, em minúcias, todo esse sofrimento por meio de uma saborosa prosa historiográfica.
Também, há importante trabalho de pesquisa intitulado “A participação de Goiás na Guerra do Paraguai” (1864-1870), escrito pela historiadora Zildete Inácio de Oliveira Martins; que foi publicado pela Editora da UFG em 1983.
No relembrar do sesquicentenário da partida do Batalhão dos Voluntários da Pátria da cidade de Goiás para Mato Grosso, nossas homenagens aos escravos humildes que foram enviados, aos anônimos e aos reconhecidos que nunca mais voltaram. A eles, nossa lembrança e gratidão.

(Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado, graduado em Literatura e Linguística pela UFG,  pós-graduado em Literatura Comparada pela UFG, mestre em Literatura e Linguística pela UFG, mestre em Geografia pela UFG, doutor em Geografia pela UFG – bentofleury@hotmail.com)- diariodamanha (dm).

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