12/01/2015 - No Rio, fortalezas viram alvos de polêmicas
Forte São João fecha acesso à praia. No Leme, tombamento inviabiliza projeto
Lucas Gayoso Rio
Desde a
primeira semana de 2015, o Exército está proibindo o acesso de civis à
praia no Complexo da Fortaleza de São João, na Urca. A entrada é feita
através da apresentação de carteiras de permissão para civis. Porém elas
não serão mais emitidas e não serão renovadas no ano que vem,
restringindo o uso da praia apenas para os militares.
Já no Leme, moradores comemoraram o decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes no dia 2 de janeiro, que oficializa o tombamento definitivo do Forte Duque de Caxias, conhecido como Forte do Leme. O tombamento pode ser um aliado contra a construção da terceira linha do teleférico do Bondinho, que ligaria o morro da Urca ao bairro. No dia 14 de dezembro de 2014, os moradores foram às ruas protestar contra a instalação do bondinho.
Segundo Francisco Nunes, que era
presidente da Associação de Moradores e Amigos do Leme (Amaleme) até o
fim do ano passado, um dos principais motivos para os moradores
comemorarem o decreto é a falta de transparência em relação ao projeto.
“Os moradores questionam porque ninguém
foi consultado sobre o projeto. É um bairro tradicional e qualquer coisa
que seja construido cria uma polêmica”, explica Nunes.
Através da assessoria de imprensa, o
Exército Brasileiro preferiu não se manifestar sobre a nova linha do
bondinho. Em relação ao acesso de civis à praia do Complexo da Fortaleza
de São João, na Urca, o órgão justificou a medida, em nota: “As
Organizações Militares do Exército possuem normas de segurança que devem
ser preservadas. Além disso, há limitação nos espaços destinados às
instalações de uso público, restringindo o acesso simultâneo de elevado
número de pessoas, que possam usufruir destas áreas em condições
adequadas”, diz o texto.
Presidente da Associação de Moradores da
Urca (Amour), Valeria Grynberg afirma que a associação ainda não tem
detalhes da decisão. “A associação está aguardando os desdobramentos
porque essa determinação ainda não nos foi explicada pelo Exército. Mas
quando isso acontecer, vamos acatar como bons brasileiros e avaliar o
que pode ser feito”, disse. “Estamos preocupados porque utilizamos
aquela área há muito tempo. Seria uma mudança de hábitos”, afirmou.
Aprovação no Leme. Tristeza na Urca
Para os moradores do Leme ouvidos pela
reportagem, o grande problema de uma linha do bondinho no bairro seria a
grande movimentação de pessoas. “O Leme é um bairro pequeno, como uma
vila. Não tem rotas de saída, então o fluxo de turistas causaria um
transtorno muito grande. Sem contar que a obra poderia representar um
desmatamento muito grande. Há muitas espécie de animais que que vivem
ali”, disse o arquiteto Paulo Tigre, de 27 anos.
Na Urca, alguns moradores nem acreditavam
que poderiam perder o acesso ao receber a notícia. “Por um lado, eu
acho bom existir um certo controle ali. É uma área pequena, se for
comparada a outras praias da cidade. Imagina se fosse liberada e
recebesse gente de tudo quanto é canto, como Ipanema”, comentou Saulo
Rhalfim, de 45 anos. Porém, segundo ele,os moradores poderiam ser uma
exceção: “Desde que sou pequeno frequento aquela praia. É uma pena”.
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