25/08/2013 - OS MILITARES QUESTIONAM NA SEMANA DO SOLDADO

25/08/13 - OS MILITARES QUESTIONAM NA SEMANA DO SOLDADO
Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de infantaria e Estado-Maior
Publicado no "A RAZÃO" de Santa Maria/RS em 24/08/2013
Neste texto me apoio em dados pesquisados por Ronaldo Schlichting, empresário formado em Administração de Empresas pela UFPR, de molde a aproveitar a oportunidade que se apresenta com o transcurso da SEMANA DO SOLDADO. A digressão se faz objetiva na medida em que tem tudo a ver com a comunidade militar de Santa Maria, integrada pelos nossos filhos e netos que prestam o serviço militar.   
Até que ponto os sucessivos governos, neoliberais ou de esquerda, do País, podem continuar arriscando a segurança do Estado e do patrimônio nacional, criminosamente, sem armar e adestrar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica para o desempenho de suas tarefas, sem que haja um posicionamento, "de ofício", por parte dos comandantes, dentro do que prevê a Constituição da República? 

Em 2003, no tradicional discurso de final de ano feito pelo então presidente da república no Clube do Exército para oficiais-generais das FFAA, Lula vaticinou: "Para que termos um bando de generais? Para que termos um bando de soldados se não temos pólvora, se não temos uma bala se viermos a precisar dela?"  Por isso mesmo, é de se pensar que, cientes da escassa munição em nossos paióis, a politicalha está a cortar as verbas destinadas ao Ministério da Defesa, com prejuízo para o adestramento de nossos contingentes, hoje enquadrados em 26 (vinte e seis) brigadas, que se diga, todas “capengas”, nenhuma delas com seus sistemas operacionais completos, sem que o Brasil ou o Exército disponham de recursos para equipá-las e mantê-las em operações de defesa externa contra os grandes predadores militares que, hoje, mais do que nunca, já não dissimulam sua cobiça pelos nossos invejáveis recursos naturais. 

Por lei, esta vulnerabilidade admitida, a ser entendida como “estado de necessidade”, de existência obrigatória, já tomou corpo, sem que os chefes militares tenham se flagrado. Um “estado de necessidade” que está — in extremis — licitando a desobediência civil contra tiranos que querem destruir a Pátria. As manifestações populares estão aí para confirmar este desiderato.

Este estado de coisas, foi agravado desde 1982, pelo que ficou estabelecido nos termos do Consenso de Washington, que pressionou para a criação do Ministério da Defesa e submissão do Brasil, entre outros crimes de lesa pátria, ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis. O carro de combate EE-T1 Osório, desenvolvido pela extinta Engesa S/A, importantíssima indústria de viaturas militares blindadas e de transporte que fazia parte do emergente complexo industrial militar brasileiro, é outro exemplo para se denunciar esta política que submete nossas FFAA a uma contínua desatualização e a dependência da boa vontade de governos estrangeiros para o fornecimento, através das comissões mistas de compras no exterior, de suprimentos e de material bélico caro retirados da linha de produção. 

Para que se tenha uma ideia, em 1991, com o fim da ENGESA, articulado pelos EUA com a subserviência do governo brasileiro, o Exército ficou sem fornecedor nacional de um blindado do mesmo nível do ABRAMS norte-americano, do CHALENGER inglês ou do AMX-40 francês e de outros carros de combate nacionais, como o URUTU e o CASCAVEL, viaturas blindadas estas que já poderiam estar atualizadas nas suas versões II ou II, sem que fosse necessária a encomenda, é de pasmar, de 2044 viaturas GUARANY , dependentes em sua linha de montagem de 40% de engenhos de origem alienígena.

Acorda Brasil!

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