02/02/2013 - Camponeses da Colômbia aprendem a retirar minas


Camponeses da Colômbia aprendem a retirar minas

Uma mulher colombiana, de um grupo de 14 pessoas treinadas na retirada manual de minas pela ONG britânica Halo Trust, busca minas terrestres durante o seu treinamento no município de El retiro, em Antioquia, Colômbia, em 23 de janeiro. (Foto: AFP/Raul Arboleda)
DIÁLOGO - Quando tinha 15 anos, a camponesa Gloria Nancy Vásquez quase morreu por uma mina antipessoal na vereda montanhosa de El Dragal, a noroeste da Colômbia, país que durante décadas sofreu um conflito armado mas que agora espera evitar novas vítimas com um treinamento para a retirada manual de minas.

“Eu vinha em uma mula de El Dragal até o município de Argelia. A mula acionou a mina e o impacto foi sobretudo no lado esquerdo do meu corpo. O animal morreu e me levaram inconsciente para um hospital”, relatou a mulher de 23 anos que participa de um curso de retirada de minas no município de El Retiro, no estado de Antioquia.
“Por causa disto tenho enxertos de pele na perna esquerda, cintura, braço e diversas cicatrizes no rosto. Perdi também quase toda a visão e a audição do lado esquerdo”, acrescentou.
Como ela, 14 camponeses estão sendo treinados em retirada manual de minas pela ONG britânica Halo Trust em diversas regiões montanhosas de Antioquia (noroeste), local que registra o maior número de vítimas de minas antipessoais na Colômbia.
“Não quero que outras pessoas passem pelo mesmo que passei porque é uma experiência que não se deseja a ninguém”, disse Vásquez, usando um visor transparente de proteção contra balas na cabeça e um colete antiexplosivos de Kevlar azul.
Entre a década de 90 e dezembro de 2012 esses artefatos explosivos deixaram mais de 2.119 mortos e 8.041 feridos e mutilados em todo o país, segundo o programa do governo para a Ação Integral contra Minas Antipessoais.
A Colômbia, que há meio século sofre um sangrento conflito armado pela ação das guerrilhas esquerdistas, grupos armados de extrema-direita, narcotraficantes e forças armadas estatais, é o segundo país do mundo com o maior número de vítimas de minas antipessoais, depois do Afeganistão.
A Halo Trust realiza este tipo de retirada de minas com civis há 25 anos em 15 países do mundo. Nathaly Ochoa, oficial de operações dessa ONG na Colômbia, explica que o perfil das pessoas que retiram minas é “basicamente de camponeses das mesmas veredas atingidas pelos artefatos. São homens e mulheres que conhecem seu território”.
Cada voluntário recebe um salário mínimo mensal de aproximadamente US$ 325 e conta com moradia, alimentação, transporte, seguro médico e de vida, afirmou Ochoa, que acredita que no fim de 2013 cerca de 200 camponeses voluntários realizem esses trabalhos na Colômbia.
Os camponeses vestem trajes blindados e utilizam detectores de minas, equipamentos de localização geográfica, comunicação e de primeiros socorros. São ainda acompanhados de especialistas em retirada de minas.
“É certo que o governo tem sua própria capacitação para remover as minas – o Exército – mas o governo reconhece que isto não é suficiente”, disse Grant Salisbury, diretor da Halo Trust na Colômbia. defesanet


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